Atenção passageiros, daremos início ao nosso serviço de bordo!
Conheça o traslado das refeições servidas nos aviões; desde a elaboração do cardápio até a aterrissagem dos pratos na bandeja à sua frente!
Viajar de avião não tem sido tarefa fácil no Brasil. Com o aumento da oferta, a popularização e a facilidade de se comprar passagens aéreas os aeroportos se tornaram lugares cheios e confusos. Falta muito para que nos tornemos tão organizados e eficientes quanto países mais desenvolvidos. Mas um ponto que nos une a esses países é o preço altíssimo que se paga por uma refeição no aeroporto. Por este motivo não é raro que os passageiros cheguem ao avião, principalmente nos voos de longa duração, não só famintos mas curiosos em relação às refeições que serão servidas à bordo e em que momento isto acontecerá.
O que muita gente não sabe - e também não costuma perguntar - é o processo que leva aquela refeição que é servida à bordo até a mesinha que se encontra à sua frente.
O começo de tudo é a escolha do cardápio. Algumas empresas estipulam um tema e, em cima dele, elaboram seu cardápio que é dividido em ciclos (geralmente 4) que se iniciam em janeiro e vão se alternando e se repetindo ao longo do ano. Entrada, prato principal, sobremesa: tudo é pensado e criado levando-se em consideração o tipo de ingrediente adequado para o voo, para o tipo de voo e para a duração do voo. São evitados alguns ingredientes que podem causar desconforto ao cliente e, por isso, muita gente reclama da falta de sabor de alguns pratos. Além disso as preparações servidas procuram estar compreendidas num espectro que agrade ao maior número de pessoas possível (por isso as pessoas também reclamam da falta de criatividade). É muito difícil agradar a 100% dos clientes, mas as empresas tentam!
Estabelecido o cardápio o processo seguinte é a elaboração dos pratos junto ao catering, que é a empresa que produz e distribui os alimentos para as companhias aéreas. O chef da empresa faz inúmeras visitas à cozinha para observar a produção, corrigir possíveis erros operacionais e decidir que pratos ficam ou não no cardápio final e, aí sim, levar estes cardápios para o voo. Este processo todo leva um ano inteiro e, quando um cardápio é lançado, o do ano seguinte já começa a ser pensado.
Com o cardápio estabelecido a produção se inicia a todo o vapor. Levando-se em consideração somente a maior empresa brasileira que faz voos internacionais, são servidas diariamente 4500 refeições a bordo em todos os seus voos que saem do Brasil. E essa produção segue à risca diversas normas não só brasileiras como internacionais, até porque os caterings oferecem refeições para empresas estrangeiras e estas exigem que eles estejam alinhados às normas internacionais de higiene alimentar. As etiquetas de validade, por exemplo, levam cores determinadas para cada dia da semana em que os alimentos foram produzidos e os caminhões e os carrinhos (trolleys) onde a comida é transportada e servida são refrigerados, assim como as galleys - as "cozinhas" - dos aviões.
Mas além de ser difícil agradar muitas pessoas de uma vez existe um outro problema: restrições alimentares tanto por questões de saúde quanto por questões filosóficas. Por isso as empresas que operam voos internacionais costumam oferecer diversos tipos de refeições especiais (que devem ser requisitadas no momento da reserva) entre elas kosher, sem glúten, os diversos tipos de refeições vegetarianas, refeições infantis, para diabéticos, sem lactose, etc. As refeições especiais são, inclusive, uma forma de fugir da surpresa do cardápio convencional.
Então da próxima vez que pensar em fazer um voo de longa duração lembre-se de buscar junto à companhia aérea todas as informações e opções disponíveis. E não esqueça de manter seu cinto afivelado durante todo o voo, relaxe e faça uma ótima viagem!
Rafael Sousa
Jornalista, comissário de bordo e entusiasta por gastronomia
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