Entrevista de Helena Rosa Gonçalves
Entrevista realizada por Lex
Certo dia em conversa com os meus filhos eles pediram-me para escrever algumas das minhas receitas, que lhes fizesse um caderno, eu respondi por brincadeira "isso já não se usa, agora o que está na moda é fazer um blogue"... a ideia estava lançada.
Acho que não houve um momento especial, foi um processo gradual, contudo penso que sempre gostei das reuniões de família à volta de mesas fartas, mesmo que a comida não tivesse importância para mim. Ela só passou a ser importante quando eu tive necessidade de começar a cozinhar, isso aconteceu quando me casei, com o desejo de explorar novas receitas e ver a satisfação no rosto dos que comigo partilhavam as refeições.
Há vários cheiros que permanecem gravados nos sentidos, estão associados a épocas festivas durante as quais a casa dos avós se enchia com a família e com muitas iguarias à mesa.
Os "parrameiros" uma espécie de biscoitos com erva doce e o pão de trigo saloio, são sem duvida os melhor recordo porque sempre me era dada a possibilidade de mexer na massa, tender os biscoitos, fazer um pão pequenino só para mim.
Não sei se tenho muitos "receitas-pílula", gosto imenso da cozinha tradicional portuguesa, um bom cozido, uma feijoada, um cabrito assado no forno, o bacalhau à brás, essas são as que sempre retornam à nossa mesa e deixam todos de sorrisos nos lábios. Porém há uma a que recorro quando o tempo é pouco e a vontade de comer algo "substancial" ataca... é o Chili, que não sendo português, não deixa de ser uma feijoada.
A receita é muito simples e foi das primeiras que coloquei no blogue:
Ingredientes:
250 g de carne de bovino picada;
500 g de feijão branco cozido (usei uma lata);
10 rodelas de chouriça de carne;
10 tirinhas de bacon;
1 cebola;
2 dentes de alho;
2 tomates;
1 cenoura;
1/2 couve lombarda (pequena);
1/2 courgette;
50 ml de vinho vinho branco;
azeite;
cominhos;
piri-piri;
sal.
Modo de preparação:
Num tacho coloca-se a cebola e o alho, rega-se com azeite e deixa-se estalar brevemente. Juntam-se o chouriço e o bacon que se salteiam um pouco. Adicionam-se os tomates, a carne, vai-se mexendo até que esta mude de cor, refresca-se com o vinho branco. Vão-lhe fazer companhia o feijão e respetiva calda (neste caso de lata), a cenoura e o courgette cortados em pedacinhos. Quando levantar fervura juntam-se-lhes a couve cortada em juliana. Tempera-se com piri-piri (deve ficar um pouco picante), cominhos e sal a gosto. Para cortar um pouco a acidez do tomate e do vinho costumo pôr uma colher de chá de açúcar.
Cozinha em lume brando até a couve estar macia.
Serve-se bem quente e com arroz a acompanhar.
À medida que o blogue foi crescendo passei a ter um maior esmero e cuidado na apresentação das receitas.
Penso que há um pouco de tudo, receitas de execução mais demorada e outras simples, que podemos fazer no dia à dia.
Não considero que sejam difíceis de executar, podem ser demoradas mas não são difíceis. Eu sou uma cozinheira caseira e completamente autodidata, e muitas das receitas que apresento (especialmente bolos e pães) são realizadas pela 1.ª vez. Tenho o cuidado de em muitas delas mostrar os diferentes passos, de forma a mostrar que seguindo os mesmos passos se vai obter um resultado similar.
Não tenho troques na manga, quando faço algo pela primeira vez pesquiso, investigo um pouco sobre o assunto e depois dou-lhe o meu toque pessoal.
Os leitores têm-me dado um retorno muito positivo.
Esta é uma pergunta fácil de responder.
O que mais gosto é de experimentar fazer algo novo, pode ser um bolo diferente, gosto imenso de os decorar com calma, ou então um pão, sem duvida que são os meus favoritos na cozinha e isso nota-se bem ao visitar o blogue.
Eu não gosto do depois... isto é no final de ter que lavar, limpar e arrumar tudo!
Porém tenho sorte pois muitas vezes conto com a ajuda do meu marido nesta fase.
Os meus utensílios de cozinha são absolutamente comuns! Não tenho maquinaria topo de gama, nem robot multifunções tipo Bimby. A minha batedeira é manual, não tenho Kitchenaid (bem gostava é verdade). Cozinho em tachos e panelas como a maioria das pessoas. A minha cozinha é normal, a única aquisição que fiz mais recentemente foi a máquina de fazer pão e mesmo essa é de uma linha branca, bem económica e adquiri-a porque se me tornou impossível amassar à mão os pães e brioches , os meus tendões não gostam nada da brincadeira. Posso dizer que já não passo sem e MFP, é uma excelente aliada.
Agora tenho mais algumas formas para bolos, mas porque me foram oferecidas por um fabricante parceiro do blogue. Guardo com carinho uma forma de bolo de alumínio que era da minha mãe e está toda amolgada de tanto uso, foi nela que fiz os meus primeiros bolos e tem algum valor sentimental, por muitas que venha a ter não me desfaço dela.
Não podemos sentir cheiros ou paladares quando visitamos um blogue de culinária, em primeiro lugar é a imagem que nos prende o olhar e logo a seguir o texto. Os meus blogues favoritos são aqueles que apresentam belas fotos e aliam textos interessantes.
Procurei trazer um pouco isso para o meu, embora esteja longe de atingir o nível de muito do que vejo por ai fora, há blogues absolutamente fantásticos, para mim são verdadeiras obras de arte.
Gosto de brincar com as palavras, de as fazer rimar, jogar com trocadilhos, as introduções do meu blogue são todas da minha autoria, tal como as fotos, os textos são construídos em função da receita que vou apresentar e daquilo que estou a sentir no momento, é uma forma de chamar outros sentidos.
A culinária não tem que ser algo complicado, reservado a pessoas com dotes especiais ou com extensos currículos formativos.
Todos se podem converter em bons cozinheiros, basta para isso estar disposto a experimentar. Costumo dizer que para fazer um bom prato basta saber ler, sim com uma boa receita qualquer pessoa pode fazer uma iguaria deliciosa.
Aproveitem os momentos que passam na cozinha para se divertirem.
Nós entrevistamos Helena Rosa Gonçalves!
Visite o blog: Tentações Sobre a Mesa.
Visite o perfil e as receitas de Helena Rosa Gonçalves.
Olá Helena Rosa Gonçalves, conte para nós...
Como que "quase por brincadeira" você decide apresentar ao mundo sua arte em forma de comida?
Certo dia em conversa com os meus filhos eles pediram-me para escrever algumas das minhas receitas, que lhes fizesse um caderno, eu respondi por brincadeira "isso já não se usa, agora o que está na moda é fazer um blogue"... a ideia estava lançada.
Em seu blog, você relata que, quando pequena, não gostava de comer e que seu sonho era inventarem pílulas que substituíssem as refeições. Você se recorda em que momento o ato de sentar à mesa e comer tornou-se algo prazeiroso?
Acho que não houve um momento especial, foi um processo gradual, contudo penso que sempre gostei das reuniões de família à volta de mesas fartas, mesmo que a comida não tivesse importância para mim. Ela só passou a ser importante quando eu tive necessidade de começar a cozinhar, isso aconteceu quando me casei, com o desejo de explorar novas receitas e ver a satisfação no rosto dos que comigo partilhavam as refeições.
Você nos conta que a Vó Rosa fazia os melhores pães que você já comeu e, certamente, o cheiro das fornadas pode ser sentido por você até hoje. Qual desses cheiros você se recorda com mais afeto?
Há vários cheiros que permanecem gravados nos sentidos, estão associados a épocas festivas durante as quais a casa dos avós se enchia com a família e com muitas iguarias à mesa.
Os "parrameiros" uma espécie de biscoitos com erva doce e o pão de trigo saloio, são sem duvida os melhor recordo porque sempre me era dada a possibilidade de mexer na massa, tender os biscoitos, fazer um pão pequenino só para mim.
Agora falando de suas receitas próprias, qual você chamaria de receita-pílula, ou seja, aquela simples de preparar de eficaz em satisfazer? Você pode compartilhá-la conosco?
Não sei se tenho muitos "receitas-pílula", gosto imenso da cozinha tradicional portuguesa, um bom cozido, uma feijoada, um cabrito assado no forno, o bacalhau à brás, essas são as que sempre retornam à nossa mesa e deixam todos de sorrisos nos lábios. Porém há uma a que recorro quando o tempo é pouco e a vontade de comer algo "substancial" ataca... é o Chili, que não sendo português, não deixa de ser uma feijoada.
A receita é muito simples e foi das primeiras que coloquei no blogue:
Ingredientes:
250 g de carne de bovino picada;
500 g de feijão branco cozido (usei uma lata);
10 rodelas de chouriça de carne;
10 tirinhas de bacon;
1 cebola;
2 dentes de alho;
2 tomates;
1 cenoura;
1/2 couve lombarda (pequena);
1/2 courgette;
50 ml de vinho vinho branco;
azeite;
cominhos;
piri-piri;
sal.
Modo de preparação:
Num tacho coloca-se a cebola e o alho, rega-se com azeite e deixa-se estalar brevemente. Juntam-se o chouriço e o bacon que se salteiam um pouco. Adicionam-se os tomates, a carne, vai-se mexendo até que esta mude de cor, refresca-se com o vinho branco. Vão-lhe fazer companhia o feijão e respetiva calda (neste caso de lata), a cenoura e o courgette cortados em pedacinhos. Quando levantar fervura juntam-se-lhes a couve cortada em juliana. Tempera-se com piri-piri (deve ficar um pouco picante), cominhos e sal a gosto. Para cortar um pouco a acidez do tomate e do vinho costumo pôr uma colher de chá de açúcar.
Cozinha em lume brando até a couve estar macia.
Serve-se bem quente e com arroz a acompanhar.
Só de olhar as fotos de suas receitas, vemos que tudo que você faz é com capricho e esmero. Você considera que suas receitas são trabalhosas? Há algum truque que as torna mais fáceis de serem executadas?
À medida que o blogue foi crescendo passei a ter um maior esmero e cuidado na apresentação das receitas.
Penso que há um pouco de tudo, receitas de execução mais demorada e outras simples, que podemos fazer no dia à dia.
Não considero que sejam difíceis de executar, podem ser demoradas mas não são difíceis. Eu sou uma cozinheira caseira e completamente autodidata, e muitas das receitas que apresento (especialmente bolos e pães) são realizadas pela 1.ª vez. Tenho o cuidado de em muitas delas mostrar os diferentes passos, de forma a mostrar que seguindo os mesmos passos se vai obter um resultado similar.
Não tenho troques na manga, quando faço algo pela primeira vez pesquiso, investigo um pouco sobre o assunto e depois dou-lhe o meu toque pessoal.
Os leitores têm-me dado um retorno muito positivo.
Quando você está na cozinha, o que você mais gosta e o que você não gosta de forma alguma?
Esta é uma pergunta fácil de responder.
O que mais gosto é de experimentar fazer algo novo, pode ser um bolo diferente, gosto imenso de os decorar com calma, ou então um pão, sem duvida que são os meus favoritos na cozinha e isso nota-se bem ao visitar o blogue.
Eu não gosto do depois... isto é no final de ter que lavar, limpar e arrumar tudo!
Porém tenho sorte pois muitas vezes conto com a ajuda do meu marido nesta fase.
De seus utensílios culinários, há algum que você considere indispensável? E para você que os tem como tesouros, qual é o que você tem mais em conta? Conte para nós um pouco de sua história.
Os meus utensílios de cozinha são absolutamente comuns! Não tenho maquinaria topo de gama, nem robot multifunções tipo Bimby. A minha batedeira é manual, não tenho Kitchenaid (bem gostava é verdade). Cozinho em tachos e panelas como a maioria das pessoas. A minha cozinha é normal, a única aquisição que fiz mais recentemente foi a máquina de fazer pão e mesmo essa é de uma linha branca, bem económica e adquiri-a porque se me tornou impossível amassar à mão os pães e brioches , os meus tendões não gostam nada da brincadeira. Posso dizer que já não passo sem e MFP, é uma excelente aliada.
Agora tenho mais algumas formas para bolos, mas porque me foram oferecidas por um fabricante parceiro do blogue. Guardo com carinho uma forma de bolo de alumínio que era da minha mãe e está toda amolgada de tanto uso, foi nela que fiz os meus primeiros bolos e tem algum valor sentimental, por muitas que venha a ter não me desfaço dela.
O que a levou a abrir seus posts com fragmentos de textos e poesias?
Não podemos sentir cheiros ou paladares quando visitamos um blogue de culinária, em primeiro lugar é a imagem que nos prende o olhar e logo a seguir o texto. Os meus blogues favoritos são aqueles que apresentam belas fotos e aliam textos interessantes.
Procurei trazer um pouco isso para o meu, embora esteja longe de atingir o nível de muito do que vejo por ai fora, há blogues absolutamente fantásticos, para mim são verdadeiras obras de arte.
Gosto de brincar com as palavras, de as fazer rimar, jogar com trocadilhos, as introduções do meu blogue são todas da minha autoria, tal como as fotos, os textos são construídos em função da receita que vou apresentar e daquilo que estou a sentir no momento, é uma forma de chamar outros sentidos.
Para finalizar, qual mensagem você deixa para nossos leitores?
A culinária não tem que ser algo complicado, reservado a pessoas com dotes especiais ou com extensos currículos formativos.
Todos se podem converter em bons cozinheiros, basta para isso estar disposto a experimentar. Costumo dizer que para fazer um bom prato basta saber ler, sim com uma boa receita qualquer pessoa pode fazer uma iguaria deliciosa.
Aproveitem os momentos que passam na cozinha para se divertirem.
Obrigada Helena Rosa Gonçalves por responder nossas perguntas! Até breve
Publicado por Mélanie - 05/03/2014
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