Devemos ainda comer abacates?
Este artigo é da Pascale Weeks, redatora chefe do site francês 750 g e criadora do blog "C'est moi qui l'ai fait" ("Fui eu quem o fez"). Ela nos conta de suas reflexões sobre o uso do abacate, do modismo de seu uso em culinária e seus efeitos ecológicos. Aliás estão sendo muito questionado vários produtos vegetais que caíram no modismo e por isto têm causado desmatamentos e outros danos à natureza. São produtos que são saudáveis, benéficos e que apesar disto estão causando polêmica pelo seu uso descontrolado. Vejamos o que diz nossa especialista em gastronomia, cozinha sudável e artigos com receitas fotografadas passo a passo.
"É a pergunta que me fiz há alguns dias amassando um abacate, depois de novo publicando a foto do meu guacamole na minha conta do Instagram. Eu tinha uma apreensão, um pouco como se eu publicasse uma foto de tomates em pleno inverno.
Acontece que o abacate se tornou um alimento levado às nuvens porque ele contém gordura boa, que ele é bom, que ele tem um lado reconfortante mas sobretudo porque ele é ultra fotogênico, principalmente se você tem a paciência de fazer lindas rosas com ele. Nós nunca deveríamos subestimar o poder fotogênico dos alimentos na era das redes sociais.
A procura subiu como raio nos Estados Unidos e Europa. Alguns países viram a ocasião de aumentar seus negócios, mas não sem estragos, como o México por exemplo, o primeiro produtor mundial de abacates.
Aí encontramos problemas de desflorestamento. Os agricultores criam realmente lugar para a cultura do abacate, que se tornou rentável. Eles não se importam que ela seja extremamente desidratante, o que implica em deixar outras culturas se desidratarem, assim como os animais que ali vivem. Certos jornalistas não hesitam em falar de desastre ecológico.
Nos países onde o abacate faz parte dos alimentos de base, seu preço extrapolou, para grande desespero dos habitantes. É o mesmo fenômeno que se produziu com a quinoa, há alguns anos.
Diante deste problema, tenho tendência em dizer que não é preciso parar tudo, mas voltar a compras razoáveis seguindo as regras seguintes:
- Não abusar dos abacates em sua cozinha
- Olhar a procedência e preferir os abacates que venham da Espanha, Antilhas, Córsega ou Sicília.
- Só comprar os abacates desde que seja a estação nos países produtores, ou seja de novembro a abril na Europa. "
Neste artigo Pascale alerta sobre a preocupação que existe no uso exagerado de certos produtos causados por modismos na culinária. Sendo francesa ela cita produtores europeus e na maioria das vezes os abacates usados são os "avocados", aqueles abacates pequenos e de pele crespa. No Brasil eles existem e são caros. O abacate é uma fruta tropical e nossos abacates maiores e mais suculentos são produtos que também estão provocando desmatamento na amazônia e em outros locais. O abacate, que antes era produto de nossos quintais, tornou-se alta fonte de renda, ficou caro e transformou-se também em modismo de nossos culinaristas e chefs de cozinha. Vamos continuar a consumir os abacates que tão bem fazem à nossa saúde, mas não fazer dele a estrela imprescindível de nossas receitas e refeições e como recomenda Pascale, procurar consumi-lo em maior quantidade na época da safra, que no Brasil é de janeiro a maio.
Leiam também estes outros artigos, um mostrando o risco do cosumo exagerado para a natureza e o outro mostrando as vantagens do abacate, que deve ser consumido por suas qualidades e não por seu modismo:
Abacate: a moda que mata o planeta
Abacate: cinco ótimas razões para comer sempre
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