Como não poderíamos deixar de fazer essa lista, nós a coroamos com a rainha das saladas frias: a salada russa. A essa altura, poderíamos dizer que ela é tão espanhola quanto russa, mas você sabia que ela foi inventada por um chef francês?
Ingredientes:
8 batatas
3 cenouras
3 ovos
1 lata de peixe (de preferência arenque, mas você pode usar bonito ou atum)
8 pepinos
200 g de maionese
100 g de queijo ralado
sal e pimenta a gosto
alcaparras, ervilhas ou azeitonas a gosto
Preparo:
Vamos começar descascando as batatas e fervendo-as. Enquanto esperamos que elas fiquem prontas... você já se perguntou como esse tubérculo chegou à Rússia? Ah, bem, no século XVI, o czar Pedro, o Grande, descobriu as batatas durante uma viagem pela Europa e lhe ocorreu que poderia usá-las para acabar com a fome em seu reino. O problema é que o povo ainda era muito conservador e achava que o czar, que eles acreditavam ser o Anticristo, havia trazido o fruto proibido de Adão e Eva. Foram necessários anos para implantar esse ingrediente em sua cultura, mas depois ele se tornou a base de sua dieta.
As batatas já estão cozidas? Vamos continuar com a cenoura, também vamos fervê-la. Em seguida, fervemos os ovos, por cerca de 7 minutos. Cortamos os vegetais em cubos pequenos e os colocamos em uma tigela para que possamos continuar com nossa história.
Agora vamos drenar o peixe que escolhemos para adicionar à salada. Você deve ter notado que a salada russa geralmente contém presunto e carne de porco. Ah, essa foi uma pequena, mas grande mudança na União Soviética. A salada Olivier original tinha peixe, um alimento comum, porém refinado. Mais especificamente, era arenque enlatado. Mas, na era comunista, um dos objetivos era alimentar uma população que passava por uma crise econômica muito grave. As autoridades investiram na industrialização do país e nasceu a paixão por salsichas baratas, rápidas e produzidas de forma higiênica. Logo, presuntos e salsichas invadiram o mercado, substituindo ingredientes mais caros.
Continuamos adicionando o peixe e o ovo cozido em cubos à nossa salada. Cortamos os pepinos, que são obrigatórios, pois os russos os cultivam em suas casas de verão para fazer suas próprias conservas. Falta apenas um ingrediente: alcaparras. Você perceberá que a combinação de arenque e alcaparras dá um toque levemente ácido e salgado, bem ao gosto da aristocracia da época. Era um luxo para o povo desfrutar de alimentos que não eram simplesmente cozidos ou temperados com banha e sal. Novamente na União Soviética, ela foi substituída por ervilhas verdes, que eram baratas e fáceis de conservar. No entanto, quando chegaram à Espanha... foram trocadas por azeitonas!
Mas não era caro usar quilos e quilos de maionese caseira? É claro! Foi somente no século XX que a maionese ficou disponível para todos. Esse molho tinha tudo para dar certo: gorduras para resistir ao inverno, calorias para dar energia e um sabor que realçava qualquer alimento. Até hoje, são poucos os pratos russos que conseguem resistir...
Bem, agora a salada está pronta. Vamos refrigerá-la um pouco e servi-la em uma tigela, como nas festas russas de Ano Novo, ou em formato circular com a ajuda de um anel de cozimento... ou no estilo espanhol, em fatias de pão.